sexta-feira, 26 de maio de 2017

Pai-vô-cantá-dor!

(I)
 Em 2009, recebi a pior das notícias de toda a minha vida. O homem que me fez, que me ensinou, homem de muito conhecimento, com quem cresci ouvindo e aprendendo dele muitas coisas, que mesmo depois de muitas andanças, nunca ouvi algo semelhante de ninguém. O homem que todo tempo-presente-instantes, no meu coração não tem um único dia em que não pense nas muitas coisas que ele me ensinou. Naquela noite terrível de março, a notícia que recebi foi que o meu Pai havia partido. O meu Paião!

(II)
Anos depois, recebi uma outra notícia muito triste. Outro homem que também me ensinou muito, me ensinou sentir prazer pelo presente que é ouvir os mais velhos, que me ensinou a ser curioso por alguns temas, assuntos e a guardar histórias. Que me fez culto de Trancoso e Camões, e mesmo sem ele nunca ter ido a uma escola, me fez gostar de estudar. Que mesmo sem ter lido um único livro, me ensinou a ter gosto pelos livros, pois quando eu encontrava neles os temas e assuntos que dele havia escutado e que levava sempre a outros e mais outros, sentia sua companhia, escutando sua voz calma. Não, não foi fácil saber que um dos homens mais inteligentes que o meu mundo já viu, havia partido. Foi muito duro perder o meu avô materno. O meu vô Chico!

(III)
Hoje, numa manhã chorona de chuva, recebi mais uma triste notícia, o homem que me ensinou escrevendo e cantando a viver entre o sonho e som, que compôs a minha vida, que estampou meus sentimentos em canções e esteve presente comigo, todo esse tempo, mesmo distante. Com quem aprendi o que era música, e se só tivesse conhecido sua música, era o bastante. Aprendi o que era música com poesia e poesia musicada, com profundidade e grandeza artística. Hoje choro a partida do genial Belchior.

(*)
Neles encontrei algo de primeira grandeza, homens únicos, homens grandes. Homens a frente do seu tempo. Homens que amei e amo (memória) com todas as minhas forças e fraquezas. Com eles aprendi a amar e mudar, amar e mudar, amar e mudar, amar e mudar... amar e mudar as coisas interessa mais.

30 de Abril de 2017,
In Memorian do meu Paião, do meu vô Chico e do genial Belchior.

Gelson Bessa:.

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