Presentemente eu posso me considerar um
sujeito de sorte.
Porque apesar de muito moço, me sinto são, salvo e forte.
E eu me lembro muito bem do dia em que
eu cheguei.
Jovem vindo do interior pra cidade
grande.
Os pés cansados e feridos de andar légua tirana.
E lágrimas nos olhos de ler o Pessoa.
Pois o que pesa no interior, pela lei da
gravidade,
disso Newton já sabia! Cai no centro de
uma grande cidade.
Fortaleza violenta, corre os carros
pelas ruas, meu sangue pela veias, com minhas mudanças, novo rumo, destino
passagem.
Mesmo vivendo assim, não me esqueci de
amar,
que o homem é pra mulher e o coração pra
gente dar,
mas a mulher, a mulher que eu amei
não pode me seguir não.
Esses casos de família e de dinheiro eu
nunca entendi bem.
O sol não é tão bonito pra quem
vem do interior
e vai viver por aí com gente importante nessa terra de gigantes.
A noite fria me ensinou a amar mais o
meu dia
e pela dor eu descobri o poder da alegria
e a certeza de que tenho coisas novas,
coisas novas pra dizer.
Hoje tenho trinta e dois anos de sonho
De sangue e de América do Sul.
Por força deste destino,
Um tango argentino
Me vai bem melhor que um blues.
Sei, que assim falando pensas,
que esse desespero é moda em 2017.
Eu quero é que esse escrito torto,
feito faca, corte a carne de vocês.
Sim, nunca mais meu pai falou:
"She's leaving home"
E meteu o pé na estrada, "Like a
Rolling Stone..."
Nunca mais eu convidei minha menina,
para correr no meu carro... (loucura,
chiclete e som)
E quero meu corpo bem livro do peso
inútil da alma.
Quero a violência calma de humanamente
amar.
Eu quero quebrar o quebranto do
permitido e do proibido.
E nego o que nega os sentidos direito e
dom de gozar.
A minha verdade está no vinho "In
vino veritas",
que me faz gaúcho, anjo torto,
que retempera o meu corpo nos pecados
capitais,
pois a pedra no sapato de quem vive em
linha reta
É a sentença concreta,
viver e brincar e pensar tanto faz,
substantivo comum um infinito presente,
este, objeto direto, reto, repleto,
completo,
presente, infinitamente.
A minha história é... talvez,
é talvez igual a tua, jovem que desceu
do norte,
que na cidade grande já foi jogado na
rua...
E que ficou desnorteado, como é comum no
seu tempo...
E que ficou desapontado, como é comum no
seu tempo...
E que ficou apaixonado e violento como,
como você...
Eu sou como você.
Eu sou como você.
Eu sou como você... que me ler agora.
Eu sou como você.
Como você.
E conheço o meu lugar...
E o meu lugar é onde você quer que ele
seja,
não quero o que a cabeça pensa, eu quero
o que a alma deseja:
Arco-íris, anjo rebelde, eu quero o
corpo e tenho pressa de viver.
E quando a vida me violentar novamente,
pedirei ao bom Deus que me ajude,.
Falarei para a vida:
"Vida, pisa devagar, meu coração
cuidado é frágil;
Meu coração é como vidro, como um beijo
de novela"
Talvez você possa compreender a minha
vida,
o meu som, a minha fúria e essa pressa
de viver.
E esse jeito de deixar sempre de lado a
certeza,
arriscando tudo de novo com paixão,
andar caminho errado pela simples
alegria de ser.
(...)
{pequeno perfil de um cidadão comum}
por Gelson Bessa:.
(*)
(**)
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