(...)
Escolheu
passar a maior parte dos seus anos perto dos pássaros, do que desejando voar.
E não
gosta de voar, tem medo de avião, como o genial Belchior numa canção, se é que
cabe a comparação.
Não é fã
de certos perigos da modernidade ou pós, não move uma pena por tais
pensamentos, filosofias ou formas de vida. Nem muito menos despertou a tal
mania de ser o que o não se é, ou a louca vontade humana de voar pra só então
se sentir livre. Gosta do chão, da força da gravidade firmando seus pés no chão
da vida. E se corre riscos é de carrão com destino ao interior do seu interior.
E se sente o vento em suas asas de passarinho urbano é quando anda voado de
motocicleta rumo ao litoral.
Sua
cabeça é diferente da minha, seus pensamentos são outros, sua vida é na minha o
complemento do que falta. Suas mãos me tocam a pele, sua voz e fala acalma,
seus conselhos e forma de olhar as coisas chegam a alma, faz esquecer
angústias, consola o choro, tranquiliza a mente.
É meu
irmão mais novo, com idade de homem-menino, mas com alma de menino-homem. É um
ser cheio de graça, até mesmo quando aperto suas mãos sujas de graxa, mãos de
um filho da graça de Deus, do seu Raimundo e Dona Mazé, de cabeça inteligente,
de gênio forte, artista inquieto na tarefa de criar, inventar, montar,
desmontar, montar novamente as coisas na vida e as coisas da vida pra ele e pra
quem estiver em sua volta, observando, respeitando, transformando.
Quase
tudo que tenho em casa foi ele que fez, construiu, deu forma, tornou único.
Entende meus quadros e traumas com furos em paredes. E sabedor de tantos
outros, ao conversamos não me diz coisas óbvias demais, verdades óbvias que
nada mudam, prefere escrever na areia a falar o óbvio, com suas mãos marcadas
pelo trabalho diário, encontra solução pra quase tudo com sua arte, mostrando
que é possível sonhar sem pirar, continuar vivendo nessa terra de gigantes,
ouvindo o canto dos pássaros, sem querer ser maior, ou melhor, sem perder a
identidade, imagem e semelhança do Pai.
(*)
Por
força deste destino um som do Amado Batista vai bem melhor que um Blues.
(Rsrs...)
Meu maninho,
parabéns!
Feliz-Idades
muitas...
Te Amo!
Para Gerson Bessa:.
Por Gelson
Bessa:.
15/Dezembro/16.