sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

(*) Mayra Andrade, palavra: d’amor é poesia...

Palavra:
Cruzado é jogo
Trocado é intriga
Dado é cumprido
Faltado é falsia
D’amor é poesia

De Rei é Lei
De senhor, Ámen
Mal scrito é erro
Bem scrito é arte
Firmado é promessa
Di bô é simplesmente um língua na nha boca

Palavra:
De vivo é vento
De morto é herança
De honra é aval
Às vezes é lamento
De ordi é pa grita

Gritado é força
Às vez é fraqueza
Rimado é beleza
Rumado é blá-blá
Xintido é oraçon
Di bô é simplesmente um língua na nha boca

Palavra:
A favor é argumento
Cantado é finaçon
Titubeado é gaguez
Truncado é mudez
Calado, hmm! Desconfia

De Romeu é Julieta
De Quixote é loucura
De Buda é sapiência
De Fidel, persistência
De meu podi ser banal
Ma di bô é simplesmente um língua na nha boca.



"Palavra", Mayra Andrade.
por Gelson Bessa:.

(*)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

InstrumentO

Aquela música e aquele ser... Naquela música, meu ser.
Uma música composta por ele, mas que não era dele.
Era minha também, era música de todos, pra todos.
Não há nada que seja nosso, um poeta que falou.
Misteriosamente assanha as minhas memórias,
As lembranças e histórias da minha natureza.
A minha natureza selvagem, do tempo passado.
Os meus sonhos, da vida e da lida dos dias vividos.
Memórias da natureza, dos bichos, o tempo e sua força.
Do sol e do som, da força da água, do mar e sua imensidão.
A nossa uneração vital, sincero abraço da música, que acarinho.

Gelson Bessa:.

{*}
{...} Aquela música e aquele ser. 
Aquele ser e aquela música. Ser... E música.
Ser que eu respeito muito, com força e com verdade.
Ser que chamo de instrumento... De nome Thiago Almeida.
E música {**} que chamo de "a nossa" Valsa... De nome Valsa Mãe.

{**}

{***}

{****}
"A Nossa Uneração Vital"
(Gelson Bessa)

{*****}
“Não há nada que seja nosso”
(Tiganá Santana)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

EntregA

(*)
Meus dedos na linguagem.
Minhas mãos na escrita.
Meus olhos nas letras.
Meu ser nos livros.


Gelson Bessa:.

Os Poetas

Os poetas são diferentes...
Os poetas amam a arte escrita.
Os poetas escrevem a imaginação.
Os poetas são os artistas das palavras.
Os poetas descrevem e desenham textos.
Os poetas selvagens são a própria arte, poesia.


Gelson Bessa:.

VelhO

(*)
Desejo ficar velho.
E velho virar cinzas...
As cinzas do velho Aeon.


Gelson Bessa:.

VidA

(*)
A vida sou eu, nas-sendo.
A vida sou eu, envelhe-sendo.

Gelson Bessa:.

(**)
"Nada é Tão Novo, Nada É Tão Velho"

[...]

Só fala de morte quem vive.
Só ler sobre a morte quem vive.
Só escreve sobre a morte quem vive.
Só morre quem vive... E não adianta temer.
[...]
Foda é morrer em vida. Morrer em vida é o fim.


Gelson Bessa:.

mortEscrita

{...} 
 Primeira interrupção. 
 Segunda interrupção. 
Terceira inte... MortE.

{*}
[mortEscrita]


Gelson Bessa:.

[Poeta ao Natural]

Poeta ao natural odeia contabilidade.
Gosta de ficar enfurnado em tempo integral.
Distrai-se escrevendo ou brincando com o gato.
Todo dia volta à infância ao sentar-se frente a janela. 
[...]
{Poeta ao natural, homem livre e simples, selvagem, curioso}


Gelson Bessa:.

Compras

Queremos comprar. Compramos por amor.  
Comprar é lindo. 1º, 2º e 3º piso do paraíso.
Queremos um avião de coisas pra levar pra casa.
Não importa que seja caro ou pesado demais.
Queremos comprar, ficamos cegos e compramos.
À vista só presta na hora de pagar.
Posso ajudar? Crédito ou débito?  Volte logo.
Queremos as melhores malhas e tecidos.
As roupas de marca que marcam corpo e bolso.
Sacolas e mais sacolas com logomarcas.
As coloridas deixam a vida mais alegre.
Compramos o que não deveríamos.
Compramos coisas que não precisamos.
E morremos se não comprarmos.
A vida perde o sentido sem limite no cartão.
Viver feliz é ter dinheiro pra comprar mais.
Sem dinheiro não há felicidade.
Sem compras não há vida.
Somos compradores honestos e felizes.
Um dia venderemos nossa alma...
E gastaremos o dinheiro em compras.

(...) 
{Deus tenha misericórdia dos compradores}


Gelson Bessa:.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

(*) Maria Bethânia, a menina dos olhos de Oyá.

Raiou... Senhora mãe da tempestade
A sua força me invade, o vento sopra e anuncia
Oyá... Entrego a ti a minha fé
O abebé reluz axé
Fiz um pedido pro Bonfim abençoar
Oxalá, Xeu Êpa Babá!
Oh, Minha Santa, me proteja, me alumia
Trago no peito o Rosário de Maria
Sinto o perfume... Mel, pitanga e dendê
No embalo de xirê, começou a cantoria

Vou no toque do tambor... ô ô
Deixo o samba me levar... Saravá
É no dengo da baiana, meu sinhô
Que a mangueira vai passar

Voa, carcará! Leva meu dom ao teatro opinião
Faz da minha voz um retrato desse chão
Sonhei que nessa noite de magia
Em cena, encarno toda poesia
Sou abelha rainha, fera ferida, bordadeira da canção
De pé descalço, puxo o verso e abro roda
Firmo na palma, no pandeiro e na viola
Sou trapezista num céu de lona verde e rosa
Que hoje brinca de viver a emoção
Explode coração

Quem me chamou... Mangueira
Chegou a hora, não dá mais pra segurar
Quem me chamou... Chamou pra sambar
Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá
Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá

(...) 
Estação Primeira de Mangueira
Enredo: 
Leandro Vieira.
Samba de Enredo:
Alemão do Cavaco, Almyr, Lacyr,
Paulinho Bandolim e Renan Brandão.

(*) 


Carnaval 2016.
por Gelson Bessa:.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Outras Cores

(*)
O final do dia sem câmera...
A selfie de uma foto mental.
Fogo do Sol... Assum Preto.
Em-tarde-Ser... A-noite-Ser.
Outras Cores... Bora Vi-ver?


Gelson Bessa:.

{...} Purpurina ou a Pureza da Vida Colorida {!}

Sentir o corpo
Sentir o vento
Sentir o vento no corpo
Sentir o metal
Sentir a pele
Sentir o metal da pele
Sentir o vento sambAR
Sentir o balanço das árvores
Sentir o ritmo e dançar
Sentir a luz nos olhos
Sentir o brilho nas mãos
Sentir a pureza da vida colorida
Sentir o desfile do sol em cores
Sentir o significado das coisas
Sentir a beleza da existência
Sentir a leveza dos dias
Sentir a liberdade
Sentir que tem companhia
Sentir alegria
Sentir... 

(...) Carnaval '16.
Gelson Bessa:.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Assum PretO

O rumor triste e inerte das cortinas me acordando...
O corpo ainda na cama, a mente flertando com o passado.
O sol invadindo, rabiscando a parede com traços negros de luz.
Olho para o lado e me perco nos pensamentos ou sonhos, não sei.
A sombra negra na parede, o poema clássico de ontem... E hoje.
A conversa com um pássaro preto 'blackbird', sem palavras.
Assum preto, canção ardendo no peito.  

Rápida-mente pensa escutando a canção do Belchior:
“O passado é uma roupa que não nos serve mais...”
Pergunto ao passarinho: blackbird, o que se faz?
Blackbird me responde: tudo já ficou pra trás.
Insistentemente pergunto ao pássaro preto.
Ele responde: o passado nunca mais.

{...} "Haven never, haven never... never haven" {!}

Como Poe poeta louco americano...
Sinto que o blackbird não dirá outra coisa.
Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo:
"Que uma nova mudança em breve vai acontecer"
Olho para o outro lado... Um silêncio amplo e calado.
São dez pras seis, levanto e quebro o silêncio com poesia.

(...)
É loucura de quem leu e releu o grande clássico: O Corvo.
É pra quem acorda ouvindo Belchior, Beatles e Gonzagão.
É a eterna lacuna que existe entre o passado e o presente.
É carnaval... Pra quem escreve com Velha Roupa Colorida.
É presente e a mente... O corpo é diferente... E o passado?

Nunca mais!


Gelson Bessa:.
"O Corvo", Edgar Allan Poe.
"Blackbird", Lennon-McCartney.
"Assum Preto", Gonzaga-Teixeira.
"Velha Roupa Colorida", do Belchior.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Imagens

Gosto de escrever sobre a tua imagem.
O teu sorriso, a tua pele, teu corpo.
(*) E cada fio dos teus cabelos.
Se eu soubesse desenhar eu te desenharia.
Pintaria teu corpo e alma nua, mas só sei escrever.
Gosto de escrever sobre a tua imagem.
Imagens de mulher e não de santa.
E elas são importantes nas paredes de uma casa.
Nas paredes da casa de um homem como eu.

(*)


Gelson Bessa:.

Reminiscências III

Ela confessou que ainda vai aos mesmos lugares.
Aos lugares onde sempre nos encontrávamos.
E que anda conhecendo novos lugares.
Alguns outros que havia dito ser interessantes.
Falou que eles parecem muito comigo. E me encontra.

(*)
[...] Mas nunca mais eu a encontrei.

Gelson Bessa:.

Reminiscência II

Ela me confessava suas aventuras de menina.
Assuntos de família e casos que não vem ao caso.
Cansava do passado e falava do presente.
Contava os sonhos, as descobertas, alegrias e tristezas.
Ela me atraia com seus cabelos longos e sua atenção.
A luz do seu sorriso me conquistou.
E me apaixonei por seus olhos fixos em mim.
Pela forma que olhava as paredes da minha casa.
Sempre sem interrogação.


Gelson Bessa:.

Reminiscências

Ela me fez perceber o valor da minha escrita, do homem que sou.
Ao conversarmos percebia que ela ficava e se sentia à vontade.
Podíamos passar horas conversando, sentados, sem pressa.
Ela tinha atitudes tranquilas e o silêncio não era seu signo de fé.
Ficava atenta a minha fala e fazia uma expressão singular no rosto.

Quando se levantava seus cabelos se espreguiçavam nos ombros.
Ao sair ela sorria lindamente e tinha um balanço sensual no andar.
Levava o corpo da minha presença, e eu desejava que retornasse.
A espera despertava mais paixão pela escrita, daquelas sem cura.

Quando ela retornava conversávamos mais e mais...
Emendávamos assuntos, misturávamos temas.
Ela tinha o olhar atento, sem ar interrogativo.

Ficava feliz com a companhia e a luz do sorriso dela.
Me enchia de alegria a proximidade de nossas almas.

Éramos duas pessoas leves, como se fôssemos livres.


Gelson Bessa:.