domingo, 19 de abril de 2015

Galos, terreiros e quintais


No lugar onde vivi ainda tem minhas marcas e red(e)moinhos,
Campinhos de areia, mas eu não faço mais nenhum golaço.
No lugar onde vivi ainda tem mata fechada e passarinhos,
Árvores verdes, mas eu não sinto o cheiro e nem caço.

No lugar onde vivi ainda nasce macaxeira e feijão.
E "donas de casa" ainda guardam caçarola no prego,
Mas eu não como mais beiju de caco e nem capitão. 
Na cidade grande a vida é Fast-food com coca-cola.

No lugar onde vivi ainda ciscam terras de terreiros e quintais.
Não falo de galinhas, mas de senhoras com vassoura de garrancho,
Teimosas iguais minha mãe, que fazia “Em pleno sol do meio dia”, 
E que disso não morreria, sempre dizia, por isso vive muito mais.

No lugar onde vivi... No interior do meu interior sinto saudade.
Dos galos madrugando, galinheiros, do burro e cores da carroça.
Hoje pobre homem urbano que sou, só escuto carros buzinando,
Barulho das sirenes e prefiro nem pensar em zuada de motor.

No lugar onde vivi... O meu pai passou seus últimos dias de vida.
E minha mãe ainda cuida de tudo, divinamente, mesmo sozinha. 
 Hoje além de saudade, tenho vontade de voltar, fazer uma visita,
Retornar ao meu interior e viver menino aos cuidados de mainha.  

(p/ Dona Mazé, mainha)
(*) Do Interior de...
 Gelson Bessa:.

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