quinta-feira, 30 de abril de 2015

Sul-real(!)


"(...) Senti-me atraída, bombardeada
Era o cara da internet, a face do face
Ali bem perto de mim, elegante, sentado 
Pernas cruzadas, degustando um bom vinho

Incrível, foi como se já o conhecesse
Simplicidade percebida a distância
Culto, conhece vinhos, boa música
Nando Reis, Humberto Gessinger

É Rock'n Roll
Curte Heavy Metal
Jazz & Blues
Eu pensei: Ele é Sul-real(!)"
  
(Autora desconhecida, perdoe-me 
pelo "bombardeio" involuntário)
(Festival Jazz & Blues Guará)
(*) Por Gelson Bessa:.

Poema inacabado (?)


O que eu faço com a minha mente
Traça feroz, bicho devorador de poemas de Rimbaud (?)
O que faço com o meu pensar
Que dentro da noite veloz quer devorar poemas de Gullar (?)

Minha cabeça não quer deixar, meu corpo descansar
Livros lidos dos meus dias ou do Ivo, uivo do lobo, madrugada
Pensamentos inquietos, bicho solto em minha cabeça
Muitas vozes na minha mente sã doutrina poesia.

Ler, escrever, rabiscar letras antes do corpo se deitar
Rascunhos poéticos em bloco de notas ou em papel de pão
Letras livres leve sono, corpo não aguenta o ritmo do coração
Poema inacabado (?) Sonhar com o final (e no dia seguinte digitar?)

(*)
(E seguir Kendera com a insustentável leveza do ser de Kundera!)

Gelson Bessa:.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Saudade


Saudade do gargarejar do galo, do seu canto imperoso e absoluto
Do cheiro do curral, do galopar empolgante dos cavalos
Do aroma das flores do campo, das sensações agradáveis
Das paisagens tão belas esculpidas pela natureza
Das cachoeiras, das quedas d’água e dos rios límpidos

Saudade do silêncio do interior, tranquilizando a alma
Da pouca iluminação pra poder contemplar as estrelas
Do poder perder a conta tentando contá-las
Das brincadeiras de infância, das peripécias pueris
De comer frutas direto da árvore, sabor especial

Saudade de observar os agricultores com suas vidas diárias
De ouvir os gritos do padeiro na rua vendendo o nosso pão de cada dia
De ir com meu pai no parque da praça principal
E depois já cansado de brincar tomar um sorvete em sua companhia
De ir ao sítio no domingo, almoçar com toda família reunida
Dos encontros familiares, verdadeira festa para mim e para os primos

Saudade de tomar banho de açude com os amigos
Dos duelos pra saber quem chegaria à outra margem nadando
Do nosso joguinho de futebol que nos fazia se sentir grandes craques
De ouvir histórias macabras que muitas vezes me deixavam sem dormir
De receber o abraço carinhoso de minha mãe ao chegar do colégio
E de esperar a noite ansiosamente para brincar com os amigos

Saudade de ser criança e do meu interior
Que levo comigo em recordações inesquecíveis
Momentos bastante agradáveis que me fizeram descobrir
Que a saudade é um sentimento que nos faz reviver
Ainda que sejam na memória, momentos eternos.


Texto: Edvan Chaves (1mano amigo meu).
Pintura: “Galo”, Emile Tuchband.
por Gelson Bessa:.

domingo, 19 de abril de 2015

Galos, terreiros e quintais


No lugar onde vivi ainda tem minhas marcas e red(e)moinhos,
Campinhos de areia, mas eu não faço mais nenhum golaço.
No lugar onde vivi ainda tem mata fechada e passarinhos,
Árvores verdes, mas eu não sinto o cheiro e nem caço.

No lugar onde vivi ainda nasce macaxeira e feijão.
E "donas de casa" ainda guardam caçarola no prego,
Mas eu não como mais beiju de caco e nem capitão. 
Na cidade grande a vida é Fast-food com coca-cola.

No lugar onde vivi ainda ciscam terras de terreiros e quintais.
Não falo de galinhas, mas de senhoras com vassoura de garrancho,
Teimosas iguais minha mãe, que fazia “Em pleno sol do meio dia”, 
E que disso não morreria, sempre dizia, por isso vive muito mais.

No lugar onde vivi... No interior do meu interior sinto saudade.
Dos galos madrugando, galinheiros, do burro e cores da carroça.
Hoje pobre homem urbano que sou, só escuto carros buzinando,
Barulho das sirenes e prefiro nem pensar em zuada de motor.

No lugar onde vivi... O meu pai passou seus últimos dias de vida.
E minha mãe ainda cuida de tudo, divinamente, mesmo sozinha. 
 Hoje além de saudade, tenho vontade de voltar, fazer uma visita,
Retornar ao meu interior e viver menino aos cuidados de mainha.  

(p/ Dona Mazé, mainha)
(*) Do Interior de...
 Gelson Bessa:.

{Em}

{...}
{Em} meu apartamento, {Em} minha mesa,
{Em} segurança, l{Em}do h{Em}ingway
{Em}gordo {Em} Fortaleza.

Gelson Bessa:.

[7º andar]


Ao sair...
No elevador os meus vizinhos são zumbis
(Vejo The Walking Dead n'outra caixa)

Ao voltar…
No elevador sozinho, percebo que também sou zumbi
(Vejo The Walking Dead de óculos redondo e barbudo)

("Poeta Zumbi", Gelson Bessa:.)


(*) Também sou um...

"(...) Mero menestrel das angustias urbanas, louco quixote 
da cidade grande, da realidade, moinho a vencer."

("Poeta Maldito", Oswaldo Montenegro.) 

(*) Meus Anos 20 Foram Uma Festa (Com Eles)


Vim a Chicago pela primeira vez nos anos 20, para assistir a uma luta. Ernest Hemingway veio comigo e ficamos hospedados na academia de Jack Dempsey. Hemingway tinha acabado de escrever dois contos sobre boxe, e, embora eu e Gertrude Stein tivéssemos achado que estavam bonzinhos, ainda precisavam de algumas mexidas. Gozei com a cara de Hemingway sobre o romance que ele estava escrevendo e rimos a valer e nos divertimos um bocado e então calçamos as luvas de boxe e ele me acertou o nariz.

Naquele inverno, Alice B. Toklas, Picasso e eu alugamos uma vila no sul da França. Eu estava revisando as provas do meu romance, já considerado o grande romance americano, mas as letras eram tão miudinhas que não consegui chegar ao fim dele.

Toda tarde, Gertrude Stein e eu costumávamos procurar objetos raros nos antiquários, e lembrando-me de lhe ter perguntado se ela achava que eu devia continuar escrevendo. Com aquele seu jeito tipicamente oblíquo que encantava a todos, ela disse “Não”, o que naturalmente queria dizer sim. Portanto, embarquei para a Itália no dia seguinte. A Itália me lembrava Chicago, principalmente Veneza, porque ambas as cidades tem canais e suas ruas são cheias de estátuas e catedrais construídas pelos maiores artistas do Renascimento.

Naquele mês, fomos ao estúdio de Picasso em Arles, que então era chamada Rouen ou Zurique, até que os franceses a rebatizaram em 1589 sob Luís, o vago (Luís foi um rei bastardo do século XVI, que não dava colher de chá a ninguém). Picasso estava justamente começando o que depois seria conhecido como sua “fase azul”, mas, como parou para tomar café comigo e com Gertrude, sua “fase azul” só começou, na realidade, uns 10 minutos depois. Durou quatro anos. Portanto, não creio que aqueles 10 minutos tivessem feito muita diferença.

Picasso era um sujeito baixinho que andava de maneira engraçada, pondo o pé na frente do outro até completar o que costumava chamar de “passos”. Riamos muito, mas, por volta de 1930, o fascismo começou a crescer e já quase não havia do que rir. Gertrude Stein e eu examinávamos os quadros de Picasso com muito rigor, e Gertrude era da opinião de que “a arte, qualquer arte, não passa de uma expressão de alguma coisa”. Picasso não concordava e respondia: “Não me encha o saco. Deixe-me almoçar.” Acho que ele tinha razão. Pelo menos almoçava regularmente.

O estúdio de Picasso era totalmente diferente do de Matisse. Enquanto o de Picasso era uma bagunça, Matisse mantinha o seu em perfeita ordem. Vice-versa também. Em setembro daquele ano, Matisse aceitou uma proposto para pintar um afresco, mas, com a doença de sua mulher, não pode terminar o trabalho e, por isso, eles tiveram de se contentar com o papel de parede. Lembro-me de tudo isso perfeitamente porque foi logo antes daquele inverno que passamos num pequeno apartamento no norte da Suíça, onde a chuva tem o estranho hábito de começar e, de repente, parar. Juan Gris, o cubista espanhol, convenceu Alice Toklas a posar para uma natureza morta e, com a sua característica concepção abstrata dos objetos, começou a quebrar-lhe a cara e o resto do corpo para reduzi-lo às formas geométricas básicas, mas nunca chegou a concluir a obra porque a polícia interveio. Gris era um espanhol provinciano, e Gertrude Stein dizia sempre que só um verdadeiro espanhol podia ter feito o que ele fez; tentar criar obras primas a partir do nada e ainda falar espanhol ao mesmo tempo. Era realmente um deslumbre.

Recordo-me que, certa tarde, estávamos sentados num bar de lésbicas no sul da França, com nossos pés confortavelmente instalados no parapeito da varanda, a qual ficava no norte da França, quando Gertrude Stein disse: “Estou enjoada”. Picasso achou muito engraçado e Matisse e eu tomamos isso como uma espécie de senha para irmos à África. Sete semanas depois, no Quênia, encontramos Hemingway, já bronzeado e de barba e dominando totalmente o estilo seco e descritivo que o caracterizaria. Ali, no chamado continente negro, jactou-se mil vezes de ter quebrado caras de uns e outros.

“Que que há, Ernest?”, perguntei. Hemingway falou longamente sobre a morte e aventura, do jeito que só ele sabia e, quando acordei, ele já havia armado a barraca e estava fazendo uma enorme fogueira para cozinhar alguns tira-gostos de dois ou três elefantes que acabara de abater. Brinquei com ele sobre sua barba e rimos à beça, tomamos conhaque, calçamos as luvas de boxe e ele acertou meu nariz.

Naquele ano voltei a Paris para falar com um compositor europeu, magrinho e nervoso, de nariz aquilino e olhos incrivelmente rápidos, e que um dia se tornaria Igor Stravinsky e, mais tarde, seu próprio melhor amigo. Hospedei-me na casa de Man e Sting Ray, e Salvador Dali apareceu várias vezes para jantar, sendo que certo dia Dali resolveu dançar a dança do ventre, o que foi um enorme sucesso, principalmente porque ele estava com dores de prisão-de-ventre.

Lembro-me de que, uma noite, Scott Fitzgerald e sua mulher Zelda resolveram voltar para casa depois de uma agitada festa de réveillon. Estávamos em abril. Havia três meses que não ingeriam nada senão champanha e, na semana anterior, tinham, despencado, com oceano, apenas para pagar uma aposta. Os Fitzgerald eram autênticos, isto ninguém pode negar. Eram pessoas muito simples e, quando Grant Wood convidou-os a posar para o seu “Gótico Americano”, ficaram simplesmente encantados. Mas, pelo que Zelda me contou, Scott vivia deixando cair o forcado.

Nos anos seguintes, eu e Scott ficamos cada vez mais amigos e muitos acreditam que ele tenha baseado o protagonista de seu último romance em mim e que eu teria baseado minha vida no protagonista de seu romance anterior, e o resultado é que eu acabei sendo processado por um personagem de ficção.

Scott tinha sérios problemas para disciplinar seu trabalho e, embora ambos adorássemos Zelda, chegamos à conclusão de que ela produzia um efeito negativo em seu trabalho, reduzindo a sua produção de um romance por ano a uma esporádica receita anual de peixe e uma série de vírgulas.

Finalmente, em 1929, fomos todos juntos à Espanha, onde Hemingway apresentou-me a Manolete, o qual era tão sensível que parecia efeminado. Usava constantemente calças justas de toureiro e, ocasionalmente, salto alto. Manolete era um grande artista, dos maiores. Se não tivesse se tornando um excepcional toureiro, possuía tanta graça que teria ficado famoso no mundo inteiro como guarda-livros.

Divertimo-nos a valer na Espanha e viajamos e escrevemos e Hemingway levou-me para pescar atum e pesquei quatro latas e rimos muito e Alice Toklas perguntou-me se eu estava apaixonado por Gertrude Stein porque havia-lhe dedicado um livro de poemas, embora os poemas fossem de T.S. Eliot eu disse que sim, que a amava, mas que a coisa nunca daria certo porque ela era muito inteligente para mim, e Alice Toklas concordou, e então calçamos as luvas de boxe e Gertrude Stein acertou meu nariz.


(Os Anos 20 Eram Uma Festa)
("Cuca Fundida", Woody Allen)
(por Gelson Bessa, 15/04/2015)
(Iniciando os anos 30, Rsrs...)

segunda-feira, 13 de abril de 2015

"Os Barcos"


(*) Pelas estreitas ruas deste apartamento
ando, canso, paro, olho pela janela e penso:

(...) Há muito estou alheio e quem me entende
Recebe o resto exato e tão pequeno
É dor, se há, tentava, já não tento
E ao transformar em dor o que é vaidade
E ao ter amor, se este é só orgulho
Eu faço da mentira, liberdade
E de qualquer quintal, faço cidade
E insisto que é virtude o que é entulho
Baldio é o meu terreno e meu alarde

São só palavras, texto, ensaio e cena
A cada ato enceno a diferença
Do que é amor ficou o seu retrato
A peça que interpreta o improviso insensato
Essa saudade eu sei de cor
Sei o caminho dos barcos.

("Os Barcos", Legião Urbana)
por Gelson Bessa:.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Lux quae sera tamem

Procurei no mundo inteiro
o que estava aqui tão perto
Meu coração brasileiro
conspirou mas não deu certo

Amei você noutros corpos
Traí você com a poesia
Garimpei guisos e fitas
Me enrolei na fantasia

Mas por um desses mistérios
De Deus ou da natureza
Atropelou-me a certeza
Que o meu caminho é você
Pois na penumbra desses anos
Viagem que alumbra e assombra
Fugiu-me até minha sombra
Mas me seguiu seu amor

Lux quae sera tamem
Lux quae sera tamem

("Luz mesmo que tardia", Zé Geraldo)
por Gelson Bessa:.

terça-feira, 7 de abril de 2015

"comigo-ninguém-pode"



"Está permanentemente decretado o convívio entre todos os seres; por isso, nada é feio, nem mesmo fazer amizades com gorilas ou chamar de "minha amiga" a sucuri dos igapós. Até a "comigo-ninguém-pode" está liberta  para ser somente a bela planta que é."


Artigo 12 - O Reino É Simples, Um Convite a Doce Revolução.

(Caio Fábio)

Foto: "comigo-ninguém-pode", jardim do AP da Loren + Gelson.

por Gelson Bessa:.

Meu jardim...


"Tanta beleza no teu jeito e sorriso me encanta,
meu jardim, mulher com pele de planta."

Gelson Bessa:.

domingo, 5 de abril de 2015

O que é Belchior?


"Coisas novas pra dizer", segue o link... 


(Texto: Pedro Borba // Ilustração: Marcelo Viola)


por Gelson Bessa:.

(*) Sol-bre a América, sobre a América do Sul...

(...) Eu quero ter daquela que me ama
o abraço que eu mereça;
Um beijo: o bem do corpo em paz,
que faz com que tudo aconteça; 
E o amor que traz a luz do dia
e deixa que o sol apareça
sobre a América
sobre a América, 
sobre a América do Sul.

(Voz da América, genial Belchior)
por Gelson Bessa:.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

HeróIvo...


Quem pagou seu quinhão
Tem direito a fugir
Para frente, próxima estação
Se deixou ir

Quem pegou pela mão
A mão de alguém porque quis
Como mãe, como pai
Vai ser feliz

Quem andou no escuro
Vai ter faro e ouvir melhor
Tem direito ao descanso
Vai ter férias da dor

Quem gritou pelos bares
Que amava (e amar dói)
Nos livrou do bom senso
Nos salvou do juízo
É um herói

Todo encontro é cordão
Nos ligando ao que vai
Todo encontro é vagão
De um trem que sai

Quem gritou pelos bares
Que amava (e amar dói)
Nos livrou do bom senso
Nos salvou do juízo
É um herói.

("Herói", do genial Oswaldo Montenegro)
(Ao meu "HeróIvo" Fernandes)
por Gelson Bessa:.

Love In Memoriam...

É tão estranho
Os bons morrem jovens
Assim parece ser
Quando me lembro de você
Que acabou indo embora
Cedo demais

Quando eu lhe dizia
Me apaixono todo dia
É sempre a pessoa errada
Você sorriu e disse
Eu gosto de você também
Só que você foi embora
Cedo demais!

Eu continuo aqui
Meu trabalho e meus amigos
E me lembro de você
Dias assim
Dia de chuva
Dia de sol
E o que sinto não sei dizer

Vai com os anjos
Vai em paz
Era assim todo dia de tarde
A descoberta da amizade
Até a próxima vez

É tão estranho
Os bons morrem antes
Me lembro de você
E de tanta gente que se foi
Cedo demais!
E cedo demais

Eu aprendi a ter
Tudo o que sempre quis
Só não aprendi a perder
E eu que tive um começo feliz
Do resto não sei dizer

Lembro das tardes que passamos juntos
Não é sempre mais eu sei
Que você está bem agora
Só que neste Ano
O verão acabou
Cedo demais!

(Love In The Afternoon - Renato Russo, Legião Urbana)
(Love In Memoriam do Seu Crescêncio Bessa, o meu Paião)
(3 de Abril de 2015, aniversário de "75 anos" de eterna-idade)
(Eu continuo aqui... Seu garoto! Saudades!) (*) Gelson Bessa:.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Fá-lando baixo...

(...) Dou graças a Deus pela arte em forma de música
 que ele pintou em mim, simples tela de carne sonora.

Gelson Bessa:.