Tudo começou por causa da Débora Nunes
Depois de me levar ao show do Ruivão
Eu estava vindo de uma queda livre
E te encontrei ainda um pouco quebrado
Tocamos nossos corpos ao lado do palco
Num dia de forte maresia, numa festa
surreal
No meio do show molhei meus cabelos
Dizendo que o vento estava infernal
Deitados juntos dias depois pela
primeira vez
E o dia seguinte foi tão gostoso
Que já faz quatro anos e não terminou
Não sei quantas vezes te deixei bem
triste
Não sei se precisa sem mais feliz, ou
não
Não sou exatamente o cara mais fácil que
existe
Mas posso te dizer que para sempre
Te levo dentro do meu coração
De lá fomos pra Majorlândia
Num feriado, quando já namorávamos
O show agora era em outra praia
E lá apareceu o homem do facão
Ganhei coragem com a calça nas mãos
Que ainda hoje tá guardada
Tivemos que acordar muito cedo
Você tão linda, sempre gostou daquele
lugar
O amor às vezes não tem segredo
É um mar infinito e azul na luz dos
olhos teus
Cheio de areia depois de brincarmos
Passamos voando de carro pelo rio
Jaguaribe
E uma lembrança do meu pai tirei da mala
Fizemos amor no calor mais intenso
De manhã, e de tarde e de novo de
madrugada
Depois voltando para Fortaleza
Te contei um segredo que te deixou bem
brava
Voltamos pra casa num clima tão tenso
Você queria chegar logo no apartamento
Mas como sempre, eu te mostrei o outro
lado do medo
E você me mostrou que gostava de ser
modificada
Não sei quantas vezes te deixei muito
triste...
Em nosso novo AP a vida definitivamente
mudou
Todas as vidas vividas naquele lugar
Lá algo do passado ainda me acompanhava
É a grande besteira de minha outra
metade
Sei que não devia nunca ter feito aquilo
Meu pai não vivia mais pra conversar
comigo
Não sei exatamente porque fiz aquilo
Só sei que foi uma puta d'uma cagada
Você tem toda razão de ficar repetindo:
"Por que você manchou a nossa
colcha sagrada?"
Messejana é a sua cidade
E aquele apartamento para mim era bom
É tão lindo ver o mar e os navios
E as folhas das árvores encobrindo o
chão
Em plena quarta-feira assistir Meia
Noite em Paris
Comprar pãozinho quente pro café da
manhã
Com queijo, presunto e manteiga na
cozinha sentados
Eu lendo jornal e você organizando bijú
Teriamos mais tempo se eu não fosse um
selvagem
E passearíamos todo dia de mãos dadas no
calçadão
Não sei quantas vezes te deixei bem
triste...
Em algum lugar entre a poesia e o arado
eu nasci, cresci, morrerei
Cidade feliz, vida linda em sua
desobediência
Da Santa Mayra pra Artes à Bessa
Da Vila Maria Garrote pra Heráclito
Caminho da Graça
Eu acho muito triste ver os rios
poluídos
Eu acho lindo ver o Grêmio entrando em
campo
Eu acho que nasci procurando o infinito
E acho que nasci sem muita paciência
Meus filhos ainda não nasceram, mas já
temos os nomes
Sou filho de Mazé e Raimundo, já vou
indo
Me dá licença...
(...)
quatr04nos = Bessa + Valente.
(*)
10 de Agosto de 2016.
Gelson Bessa:.
(para minha prenda, Lorenna)