Da janela do apartamento, numa bela manhã, contemplei algumas crianças
brincando na rua, jogando bola na chuva. Lembrei-me da minha infância, dos tempos
de menino, de quando por muitas vezes fiz aquilo. Senti uma vontade imensa de
voltar a ser criança, de rir, brincar livremente daquela forma de novo. Tirei
fora a camisa e sai feito um menino, e minha mãe quando viu aquilo foi logo
perguntando pra onde eu tava indo daquele jeito? Ai eu disse algo que fazia um
tempão que não dizia: "Mãe, vou brincar de bola na chuva", corri,
senti a chuva fria, porém minha alegria logo equilibrou a sensação da água no
corpo. Ao chegar perto da molecada, pensei que iriam perguntar: “O que esse
cabeludo-barbudo quer aqui entre nós?", porém não perguntaram, eram
crianças, e isso era mais um pensamento besta de um adulto. “Brinquei, corri, sorri e percebi que ali éramos, tão somente: gente! (meninos-adultos-humanos) felizes.”
Gelson Bessa:.